No porão
Para Mario Quintana
Eu às vezes perco as forças:
só me encontro na canção.
Nela me acho, me aprumo,
feito o herói em seu porão.
E remexo bugigangas
e velhas quinquilharias
que de repente se mostram
no escuro ou na luz do dia.
No meu porão eu aos poucos
junto-me aos quatro elementos
e organizo minhas dores
no dorso feroz dos ventos.
E assim o meu porão
sem que eu imaginasse
se mostra então surpreendente
me revelando outras faces.
Por onde terei andado
no silêncio de meus passos?
Eu sorrateiro me escondo
entre alegria e cansaço.
Eu às vezes perco as forças.
Nem sei de espaço ou momento:
então procuro Quintana
na Rua dos Cataventos.
E remexo bugigangas:
muitos lances eu invento
quando me escondo do tempo
no porão dos sentimentos.
Um comentário:
Lindo, lindo!!!
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