A dança do cursor
Não adianta:
essa dança, eu não danço.
Podes até me deletar,
se quiseres.
Podes me tirar de tua vida,
podes me excluir
de teus arquivos,
podes me expulsar
da internet.
Mas essa dança
- não adianta –
eu não danço.
De repente, falo ingreis:
mouse, paint, desk jet.
Meu coração que palpita
nega-se a ser tragado
no labirinto
que me diz a todo instante:
decifra-me agora.
Vibra o cursor da anti-aurora
e eu insisto:
essa dança, eu não danço.
Pulsa meu peito
(com persistência indobravelmente humana)
e se levanta em tom drummondiano
(nunca morre a voz única do poeta):
desliguem a cibernética que estrangula o planeta em viagem veloz.
Uma flor nasceu
3 comentários:
Alvaro, u és sempre tão "sério" )não que este não possa ser visto como tal), nos teus poemas...
Este eu senti um tom "mais leve e menos crírico"; mais "divertido no poema...
Talvez porque eu seja uma internauta compulsiva, eh, eh!
O final é um corte _ definitivo, Irrevogável: "Não danço!!!" A mensagem é clara: não há volta. Muiiiito legal!!!! Bj, Tê!
O legal do espaço "comentários" nos blogues é a discussão. No meu caso, nem que seja eu discutindo comigo mesma, uma espécie de monólogo!!!! Eu pergunto; eu respondo...! Vá entender!
E há sempre a possibilidade de o/a leitor/a revisitar o que comentou.
Fiquei pensando no que escrevi acima e voltei...
Lembrei Pessoa: "O poeta é um fingidor", etc, etc.
Não senti a mesma "leveza" na segunda leitura, por óbvio!
Explico: tua "marca" na poesia a mim me parece que é a "resistência"...! A quê? Bem, basta ler o poema abaixo e revisitar o blogue e teu site: resistência aos maus governos, às injustiças, à intolerância, e, e, e, ...
Por que seria diferente quando se trata da compulsão pela internet?
És um bom poeta, e eu uma "má" leitora, rsrsr!
"Finges" que "Não danço!!!" até parece birra de criança!
Que leitura mais "emburrecida" a minha, rsrs! Ver/sentir "leveza" na resistência!
Tsi... Tsi...!
Bj, Tê!
Interessantes as colocações da Teresinha. O Alvaro entre seus olhares possui também um ótimo senso de humor. Apesar de sua certa "resistência" à internet, há também uma crítica específica à artificialidade, que é muito pertinente a qualquer generalização cultural com ou sem tecnologia. Esse lado humano de todos nós é o que ilumina as coisas. Abraço
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