12 de jun. de 2010

A dança do cursor




A dança do cursor



Não adianta:

essa dança, eu não danço.

Podes até me deletar,

se quiseres.

Podes me tirar de tua vida,

podes me excluir

de teus arquivos,

podes me expulsar

da internet.

Mas essa dança

- não adianta –

eu não danço.

De repente, falo ingreis:

mouse, paint, desk jet.

Meu coração que palpita

nega-se a ser tragado

no labirinto

que me diz a todo instante:

decifra-me agora.

Vibra o cursor da anti-aurora

e eu insisto:

essa dança, eu não danço.

Pulsa meu peito

(com persistência indobravelmente humana)

e se levanta em tom drummondiano

(nunca morre a voz única do poeta):

desliguem a cibernética que estrangula o planeta em viagem veloz.

Uma flor nasceu



3 comentários:

Anônimo disse...

Alvaro, u és sempre tão "sério" )não que este não possa ser visto como tal), nos teus poemas...
Este eu senti um tom "mais leve e menos crírico"; mais "divertido no poema...
Talvez porque eu seja uma internauta compulsiva, eh, eh!
O final é um corte _ definitivo, Irrevogável: "Não danço!!!" A mensagem é clara: não há volta. Muiiiito legal!!!! Bj, Tê!

Anônimo disse...

O legal do espaço "comentários" nos blogues é a discussão. No meu caso, nem que seja eu discutindo comigo mesma, uma espécie de monólogo!!!! Eu pergunto; eu respondo...! Vá entender!
E há sempre a possibilidade de o/a leitor/a revisitar o que comentou.
Fiquei pensando no que escrevi acima e voltei...
Lembrei Pessoa: "O poeta é um fingidor", etc, etc.
Não senti a mesma "leveza" na segunda leitura, por óbvio!
Explico: tua "marca" na poesia a mim me parece que é a "resistência"...! A quê? Bem, basta ler o poema abaixo e revisitar o blogue e teu site: resistência aos maus governos, às injustiças, à intolerância, e, e, e, ...
Por que seria diferente quando se trata da compulsão pela internet?
És um bom poeta, e eu uma "má" leitora, rsrsr!
"Finges" que "Não danço!!!" até parece birra de criança!
Que leitura mais "emburrecida" a minha, rsrs! Ver/sentir "leveza" na resistência!
Tsi... Tsi...!
Bj, Tê!

Adriano disse...

Interessantes as colocações da Teresinha. O Alvaro entre seus olhares possui também um ótimo senso de humor. Apesar de sua certa "resistência" à internet, há também uma crítica específica à artificialidade, que é muito pertinente a qualquer generalização cultural com ou sem tecnologia. Esse lado humano de todos nós é o que ilumina as coisas. Abraço