10 de jan. de 2010

Balada do impostor

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Breve comentário sobre Balada do impostor

O talentoso poeta e letrista mineiro, criado desde muito pequeno no Rio, Geraldo Carneiro lançou em seu site, que eu visitava com freqüência na época, uma espécie de concurso para quem quisesse receber gratuitamente um exemplar de Balada do Impostor, livro de poemas que o autor lançaria algumas semanas depois.

Para tal, os interessados deveriam escrever um texto em prosa, de 15 linhas, com o mesmo título. Como me mandavam mensagens diárias lembrando que o prazo estava vencendo, acabei por fazer o texto que segue. Que, para minha grata satisfação, foi contemplado. De modo que algum tempo depois recebi o livro em casa com dedicatória do próprio poeta.

Curioso foi descobrir que havia um poema com uma passagem que me arrepiou, eis que era quase idêntica a de um poema que eu compusera uns quatro meses antes e que fora musicado por Pery Souza.
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Resultado: acabamos combinando com Geraldo e enviando a ele três canções minhas com Pery (inclusive, claro, Esse estranho, que tem a tal passagem quase idêntica). Ele já conhecia Pery Souza de nome, uma vez que sua amiga, a cantora Olivia Hime, já gravara algumas canções de Pery no passado – entre as quais Estrela guria.



Balada do impostor
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Alvarez optou por arriscar tudo, blefando no lance final. Como o jogo de seus três adversários estava morno – e seus olhares informavam a ele tudo isso –, fez um ar convincente e o blefe lhe valeu um bom dinheiro naquela complicada mesa de carpeta: poucas vezes, na verdade, ganhara tanto nas cartas com um joguinho tão miserável como o que tinha nas mãos. Fazer o quê? Saber o momento exato para blefar pode valer o mundo – esse era um ensinamento de seu velho pai, Esteban, e de cujas palavras nunca esquecera.
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Com a grana nas mãos, Alvarez partiu para a noite, vitorioso. A espelunca da velha Shirley, o D’Amour, era naquele momento, uma grande pedida. As coxas de Beatriz, a china mais nova, ousada e faceira, o aqueceriam naquela noite de inverno rigoroso. Ademais, havia já algum tempo que não se deitava com uma mulher. Era hora de colocar o motor em funcionamento.
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Saiu assobiando pela rua uma velha canção que os marujos cantavam no tempo em que ainda era um homem que tinha no mar o seu sustento e a sua vocação. Antes de dirigir-se ao D’Amour, passou no boteco do Clodoídes, onde bebeu de um só gole três doses de conhaque, para começar a esquentar-se – todo o resto guardaria para uma noite de prazer nos braços de Beatriz, com quem, no entanto, não poderia blefar. Para ter sorte no jogo e no amor.
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Trecho do curta-metragem Miragem em abismo (2008)

de Eryk Rocha com poemas de Geraldo Carneiro.

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3 comentários:

Anônimo disse...

Álvaro!!! Parabéns!!!! Nossa, que legal!!!
Bjão! Tê!
Em tempo: roubei um poema teu e postei no Tear, rsrs!!! Não briga comigo!!! É liiiindo!
Link: http://teardesentidos.blogspot.com/2009/12/flor-das-cancoes-por-alvaro-barcellos.html
Bjão e sucesso! Tê!

Evandro L. Mezadri disse...

Belo trabalho, gostei muito de sua poesia Compasso.
Abraço e sucesso!

Katia Tejada disse...

Alvinho, gostei muito!! Delicado, bonito.
Abração!