20 de dez. de 2009

Compasso






Compasso

E a vida prossegue mesmo
a sua marcha.
E não tem pressa
por sabê-la inútil.
Por mais que amarga
prossegue a vida
em seu ritmo
continuado
ininterrupto
próprio daquilo que vive.
Nem mesmo o mar bravio
tem pressa.
Mantém sua própria cadência
embora às vezes se rebele
em sobressaltos e soluços
qual o náufrago bêbado
que vê partir
ante à névoa dos olhos
a última quimera que guardava
em seu peito viajado.
Outras terras virão.
Outras gentes virão.
Virão outras vidas.
Do mesmo modo
que outros ventos
e outras ondas
agitarão o compasso dos mares.
Mas qualquer que seja
o porto de referência
posso perceber
que a vida prossegue:
como esse choro manso de criança
a quem pertence a vida do futuro.
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2 comentários:

Manoel Magalhães disse...

Salve, Álvaro. A Terezinha, amiga comum, passou-me o endereço do seu blog de poemas... Rapaz, que estilo! Encantei-me!!!! Parabéns!!! Já virei seguidor compulsivo. Um feliz 2010 com muita inspiração!!!! Abraços

Anônimo disse...

Que lindo, Alvaro! Parabéns!
Bj, Tê!