9 de ago. de 2009

Clube da Esquina

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Clube da esquina

A cidade mineira de Belo Horizonte presenciava, a partir da segunda metade dos anos 60 do século XX, um movimento musical da maior importância.

Quase espontaneamente, rapazes de grande talento, e ainda totalmente desconhecidos do grande público, reuniam-se com alguma freqüência sempre em uma mesma esquina da região central da capital mineira. Vinham munidos de seus violões, com os quais se faziam acompanhar, executando canções dos Beatles, cantigas do rico folclore mineiro (onde se entrelaçam com grande força elementos das culturas barroca e caipira, com resultados tão belos quanto fecundos), MPB mais tradicional, samba, blues, jazz... E assim, timidamente o grupo de músicos ia crescendo aos poucos.

Nas noites chuvosas, geralmente, os caras acabavam indo tocar na casa dos Borges – mais precisamente no quarto dos meninos (Lô e Marcio).

Com o tempo, e isso não tardaria a acontecer, os rapazes foram se conhecendo melhor e se soltando mais, o que os encorajava a mostrar uns aos outros suas habilidades na criação de canções – estava aflorando o trabalho autoral; revelavam-se assim aos poucos os compositores do Clube da Esquina, como viria a ser conhecido mais tarde o grupo de amigos, que tinha em comum fundamentalmente uma grande paixão: a música.

Alguns deles preocupavam-se mais com a combinação de acordes (a harmonia), casos de Toninho Horta (autor de Manoel, o audaz – parceria com Fernando Brant, e Beijo partido), Nelson Ângelo (de Fazenda e Simples), e Tavinho Moura (de Cruzada, e Como vai minha aldeia, parcerias com Marcio Borges, e Gente que vem de Lisboa, com Fernando Brant). Tavinho, do grupo, foi o compositor que mais fundo mergulhou nas raízes da cultura popular mineira – o famoso folclore das Gerais.

Outros caras acabaram ganhando destaque, como Beto Guedes (autor de Amor de índio, Sol de primavera e O sal da terra, parcerias com Ronaldo Bastos), e Lô Borges (de Clube da esquina1 e 2, ambas em parceria com Milton Nascimento e Marcio Borges, O trem azul, com Ronaldo Bastos, e Paisagem na janela, com Fernando Brant). Beto e Lô foram os caras que mais nitidamente adicionaram a suas influências um certo tempero beatle.

Outro sujeito que participava desses encontros era o compositor Flávio Venturini (autor de Espanhola (parceria com Guarabyra), Nascente (com Murilo Antunes), Todo azul do mar (com Ronaldo Bastos)...Venturini liderou grupos importantes, como O terço (de Criaturas da noite, parceria dele com Luiz Carlos Sá) e o 14 bis (de Linda juventude, parceria com Marcio Borges), que mesclavam toadas mineiras e rock and roll, especialmente sua vertente progressiva.

Mas o compositor e cantor de maior projeção do movimento, que foi uma redescoberta das melhores possibilidades da sonoridade das Gerais, foi mesmo Milton Nascimento, o Bituca, como era carinhosamente chamado pelo grupo. Milton assina clássicos como Travessia, Canção da América, Nos bailes da vida e Ponta de areia (parcerias com Fernando Brant), Cio da terra (com Chico Buarque), Fé cega, faca amolada e Cais (com Ronaldo Bastos), Morro velho, entre outras tantas. Com seu jeito tímido, mineiramente cativante, com voz marcante e inesquecível, e suas habilidades como compositor, fez a cabeça de crítica e público, e de quebra de uma das maiores cantoras da história da MPB, Elis Regina.

Destacam-se ainda grandes músicos que tomaram parte do movimento, como Nivaldo Ornellas (sopro) e Robertinho Silva (percussão e bateria).

Sugestões: Os sonhos não envelhecem – livro da Marcio Borges, que conta deliciosas histórias do Clube da Esquina (movimento que pode também ser acessado na internet).


Clube da Esquina N°2 com Milton Nascimento e Lô Borges (1997).

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Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pelo blog e pela postagem!

Citamos você no nosso blog!

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