Indiferente
Eu tenho andado assim, ultimamente:
qualquer que seja a cena, dou de ombros.
Vida, morte, ódio, violência. Tudo
banaliza-se diante de nós.
Tenho andado frio, ultimamente.
Antes, a gente urrava frente à morte do pássaro:
a gente intimidava o caçador;
hoje, a gente assiste calado
indústrias matando rios
e deletando florestas - impunemente -
como quem sopra um castelo de cartas.
Mundo, mundo, frágil mundo:
indiferença e solidões
já não encontram rimas
(resta saber se ainda sonham soluções).
Já não incentivo meu filho - curioso -
a olhar os aviões sobre a cidade
(porque ele já conhece a águia, o império,
já viu a vida se apagando em Bagdá).
E eu tenho andado assim, ultimamente.
banaliza-se diante de nós.
Tenho andado frio, ultimamente.
Antes, a gente urrava frente à morte do pássaro:
a gente intimidava o caçador;
hoje, a gente assiste calado
indústrias matando rios
e deletando florestas - impunemente -
como quem sopra um castelo de cartas.
Mundo, mundo, frágil mundo:
indiferença e solidões
já não encontram rimas
(resta saber se ainda sonham soluções).
Já não incentivo meu filho - curioso -
a olhar os aviões sobre a cidade
(porque ele já conhece a águia, o império,
já viu a vida se apagando em Bagdá).
E eu tenho andado assim, ultimamente.
Um comentário:
É, Alvaro... Quem sabe esse não seja literalmente o silêncio dos "inocentes", dos idealistas, e claro, dos poetas...?
Maiakóvski: até que não sobrou nada...
....
Tô pensando entre ser "otimista", "realista" e todos esses rótulos...
Ps: Eu, pensando, sou perigosa, rsrsr! Lindo poema! Bjão! Tê!
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